Da palhaçada funkeira ao video game empalhaçado

Muito entusiasmo preencheu nossos corações no VI Território das Quebradas. E quem comandou a festa foram os quebradeiros. Anick, Talita, Jeane e Raoni mostraram que entendem de arte popular, e nos deram uma aula super interessante sobre circo, funk e videogame.

Para começar, “Animanick” nos deu um apanhado geral sobre a história do circo.  “Quanto mais vagabundo o circo, melhor é”, afirmou a palhaça, que provocou risos na plateia. Herança dos saltimbancos, o circo é o espetáculo mais antigo do mundo. O saber circense é familiar, transferido de pai para filho, e por isso a tradição sobrevive até hoje. Aproximadamente 2 mil circos estão espalhados pelo Brasil, muitos deles de qualidade bastante elevada. No entanto, as condições financeiras para a implantação dos mesmos estão cada vez mais precárias.

Desse saber milenar, passamos para um saber atual: o funk. Tivemos a oportunidade de ter uma visão empreendedora do funk com Raoni Pontes da Silva e outra visão do estilo enquanto linguagem contemporânea, com Talitta Chaves.

Embora não se considere funkeira, Talitta tem o funk presente em sua vida desde a infância (do funk social, passando pela era do bonde do Tigrão, até o funk hortifruti e avassalador). Bailarina clássica, ela afirma que tanto o funk quanto o ballet são dança e arte, portanto não faz distinção entre ambos: “não há dança pouco séria, nem dança moral. A dança é simplesmente alegre. Nós é que tentamos impor esses conceitos”, afirmou, complementando que o reconhecimento do funk como cultura e a criação de editais para a sua produção representam um grande avanço. “Eu não acredito em Deus, mas nesse caso, eu acho que foi Deus quem ajudou”, disse Talita.

E falando em produção de funk, um perito apareceu na mesa. Foi Raoni, que apresentou o passo-a-passo da produção de eventos de funk. Com anos de experiência e um olhar empreendedor, o produtor nos orientou na elaboração, concepção e efetivação de uma grande idéia. Raoni atua na área desde os 16 anos e agora sente que é o momento de se renovar. “Estou saindo dessa vida”, afirmou, expressando a sua vontade de trabalhar de eventos culturais que visem menos o lucro e mais a manifestação cultural.

A arte em uma dimensão virtual foi abordada por Jeane Claudino, em sua palestra sobre a dança através da lógica do videogame. Através de uma linha do tempo sobre os jogos de videogame, Jeane nos levou de volta à infância e propôs que determinados jogos fossem aceitos nas escolas, a fim de auxiliar no aprendizado. No tocante à arte, ela acha interessante que sejam criadas danças a partir dos jogos, pois os avatares conseguem realizar movimentos impossíveis aos corpos dos jogadores.

A mesa de debate deu lugar a um sarau repleto de talento e alegria. Tetsuo começou com a sua polêmica poesia. O palhaços Animanick e Liquid Paper foram os próximos: Anick reavivou a criança que existe dentro de nós e Liquid Paper mostrou que, apesar de um gesto ser suficiente para expressar a alegria, palhaço também chora. Jeane, com o apoio de Marcelinho DJ, expressou a sua dança videogame e nos deu a sensação de estarmos dentro de um jogo. Para acabar, os músicos Feijah’N e Khefhren levaram a galera ao delírio, o primeiro com a sua música “Jura, não é mole” e o último com três sucessos, que incluíram a música “Que país é esse?”. E todo mundo saiu do chão!

Texto: Cibele Reschke de Borba, bolsista PIBEX 2011