Fernando Salis fala sobre inovação no cinema brasileiro

A sétima arte foi o assunto que ocupou a tela e as mentes da Universidade das Quebradas no encontro da última terça-feira. O convidado Fernando Salis, atualmente professor da Escola de Comunicação da UFRJ (Eco) e criador de vídeo artes em instalações e grandes projeções, falou sobre Cinema e Performance, com foco no cinema brasileiro contemporâneo.

Segundo Fernando, as produções cinematográficas nacionais têm mostrado, além de qualidade, muita inovação. Comandados por diretores jovens, os filmes apostam em temas cotidianos, personagens originais e montagens criativas.

Para exemplificar, o professor escolheu os dois grupos atuais de produção para cinema: o Alumbramento, de Fortaleza, e o Teia, de Belo Horizonte. Ambos formados por jovens cineastas, atores, produtores e diretores, criam filmes no mesclando documentário, com ficção. A turma do Ceará lançou há pouco tempo a produção Monstros, que conta com poucas palavras a história sobre uma festa que marcará o reencontro de quatro amigos.

Já os mineiros produziram o Céu Sobre os Ombros, que ficou em cartaz em alguns cinemas alternativos do Rio. O filme é um documentário que reconta a vida de três personagens moradores de BH, cada um com uma história peculiar e uma vida estritamente ligada às palavras.

O primeiro é um escritor imigrante de Cabo Verde que já passou por momentos difíceis no Brasil ao lado de seu filho excepcional. O outro é um adepto do Hare Krishna, empregado de uma das maiores empresas de telemarketing do país e diretor de uma torcida organizada do Clube Atlético Mineiro. Por último, uma transexual, que exerce assumidamente as profissões de professora universitária e prostituta, completa a produção mostrando os problemas que sua mudança de gênero traz.

A montagem, a forma como é feita a filmagem e a atuação das personagens envolvem o espectador. Segundo Fernando Salis, ao assistir Céu Sobre os Ombros fica a pergunta. Até que ponto o que vemos é documental ou encenado?

As inovações tecnológicas para edição, reprodução e até projeção permitem que os profissionais jovens reciclem o mercado cinematográfico, mudando a cara do cinema nacional. As salas de cinema já não são mais suficientes, personagens inventados não cabem mais, enredos dedutíveis também deixaram de impressionar.

A criação e a edição resultam em novas formas de fazer. As ruas, os muros, as paredes e os objetos são a nova maneira de mostrar.

Por Júlia de Marins – Bolsista PIBEX/ECO – 22 de maio de 2013