Reinventemos nós, como foi o segundo território das quebradas

No dia 5 de novembro aconteceu o segundo território da quarta edição da UQ, em que cinco quebradeiros apresentaram seus projetos. Reinventando nós, contou com a apresentação de trabalhos sobre novas formas de educar, resgatar e reinventar vidas através das variadas formas da arte. Uma das principais mensagens do território foi que o ser humano, independente de cor e CEP, é feito para sonhar e concretizar seus sonhos, mesmo que tenha que desafiar os obstáculos que a sociedade impõe.

 

919474_650280548357030_499989761_oAndressa Abrahão Costa Reinventando a Escola – A vez e a voz dos jovens!

A quebradeira Andressa Abraão abriu a mesa. Ela é formada em letras e trabalha na ONG Instituto Ayrton Senna, dissertou sobre o seguinte tema: Educação para desenvolvimento de potenciais humanos. Esse trabalho visa implantar o conceito de protagonismo juvenil, em que o aluno é estimulado a se questionar, e se tornar o foco dos seus estudos. Esse método é dividido em seis etapas, são elas: Mobilização, iniciativa, planejamento, execução, avaliação, apropriação e apropriação dos resultados. Na prática, os jovens se dividem em times para que ocorra uma aprendizagem colaborativa. Os professores agem como mediadores e estimulam o desenvolvimento das habilidades cognitivas e não cognitivas. O conceito de protagonismo juvenil foi criado pelo educador mineiro Antônio Carlos Gomes da Costa (1949-2011).

 

Ludi Um –  Minha Música é Meu Quilombo

Em seguida o músico Ludi Um, oriundo do Morro Dendê, apresentou o tema Minha música é meu quilombo, em que falou sobre os inúmeros projetos que faz parte, dentre eles; Música Barraco – uma das vertentes de sua música,  Eletrolivre – oficina de mídias livres,  Rebatuques – Laboratórios de ritmos e produtos sonoros e o Coletivo Solto – Visa democratizar a produção fonográfica. Com o coletivo Ludi já produziu 30 produtos entre EPs, CDs e singles. Ludi Um ressaltou que após conhecer a obra do poeta Nelson Maca, sua concepção sobre a própria música se transformou de Música de resistência para Musica divergente.

 

Fabiana Silva  – Narrativas de crianças e jovens: a poesia como ato de resistência e transformação social

Fabiana Silva foi à terceira a se apresentar.  Fabiana, viu sua vida se transformar após a leitura de um poema de Manoel Barros: A reta é uma curva que não sonha.

O seu território teve como foco as narrativas de crianças e jovens que participaram do Sarau de Poesia que ela realiza no Parque das Missões. O Sarau tem como objetivo incentivar a pratica de leitura e escrita que são por sua vez motivadoras de transformação social. A metodologia do projeto consiste na cultura, imagem da mídia e no uso da poesia como mola motivadora de transformação social. O projeto adota a prática de apadrinhamento como forma de criar uma ponte entre as crianças e outros educadores sociais. Fabiana nos contou também que coordena a sala de leitura Ana Maria Machado que fica no Centro Cultural Casa Amarela.

Luciana Andreia – A Educação desmistificando o olhar da Matemática

Luciana Andréia foi à quarta quebradeira a se apresentar. Ela contou sua trajetória de vida, a escola abandonada na 6a série, a vivência como auxiliar de jardinagem numa escola pública e a diretora que a incentivou a concluir os estudos e se tornar professora de matemática. Hoje Luciana se dedica a transmitir a matemática aplicada a vida, integrado a questões práticas, desenvolvendo cidadania e unindo a matemática a brincadeiras. Este método desmistifica a complexidade desta matéria. Luciana trabalha em ONGs, na capacitação de jovens aprendizes para o mercado de trabalho.  Em sua apresentação ela frisou que o ensino deve ser interessante e dinâmico e trazer questões que instiguem e motivem os alunos.

 

jesicaCarlo Alexandre Teixeira Silva  – Roda: Zona Autônoma Transitória

Carlo Alexandre encerrou a mesa apresentando o projeto sobre a Roda de Capoeira Angola que acontece mensalmente na zona portuária, promovida pela escola de capoeira Kabulahttp://kabula-rio.blogspot.com.br/p/kabula-capoeira-angola.html. O projeto tem como objetivo ocupar artisticamente e culturalmente os e espaços públicos do Rio, com rodas de capoeira e palestras chamadas de Roda dos Saberes. O evento promove o encontro de pensadores com as pessoas que vieram para a roda, a fim de discutir temas diversos como arte pública, história afro-brasileira e política pública e habitacional, entre outros. Carlo defendeu a ocupação dos espaços públicos e a recuperação da memória das raízes do Rio de Janeiro, que compõem a nossa cultura e ancestralidade ricamente miscigenada.

Fechamos o dia com o belíssimo e emocionante depoimento da quebradeira Jessica Rangel de Castro, que agradeceu a mesa e falou sobre a importância de que mais projetos como os que foram apresentados sejam feitos. Jessica falou sobre suas afetações pela dança, a importância do resgate da cultura negra, o fim de sua opressão e a defesa do Jongo urbano. Jessica ressaltou que já houve muita dor e que é hora de trazer o Jongo para as praças, para que todos aqueles que se sintam tocados possam pedir licença ao tambor e entrar na roda.

– Pede licença ao tambor, entra na roda e depois conversamos.

 

 

Octávio de Souza – Bolsista PIBEX PACC\UFRJ
Priscila Medeiros – Bolsista PIBEX PACC\UFRJ

Foto Jussara Santos

Montagem fotográfica Beatriz Machado