Aula sobre Modernismo provoca questionamentos

A aula de Beá Meira sobre Modernismo provocou diversos questionamentos, troca de referências e percepções.

Veja o que alguns Quebradeiros e a própria Beá trouxeram à tona:

 

 

Sobre o Dadaísmo

“O que não me deixou dormir esses dias foi o que disse sobre o dadaísmo. Quando diz que eles acabaram com tudo, e que alguma coisa devia rolar. Fato. Na comemoração do maio de 68, um historiador manda que aquela geração queria desconstruir. Que eles não queriam o mundo dos seus pais. Mas que hoje, ao contrário, os estudantes vão às ruas pedir isso. Simpatizo com esses estudantes franceses que roubam videogames. Sem polêmica. Sou a favor dessa desconstrução geral. Mas sei que não há um projeto e que é utópico. É como José Régio diz: só sei que não vou por aí. Mas isso em arte deve ser mais complicado que em “sociedade” né? Ferreira Gullar diz: na hora de cortar a orelha eu pulo fora! (…)”
Delano Valentim

“Enquanto eu me questiono sobre os limites da arte, o que caracteriza uma obra de arte, se realmente se faz necessário um limite, os tratados canônicos, por exemplo (como o homem vitruviano de da Vinci e o cânone de Policleto por exemplo) chega Duchamp e lança um urinol como obra de arte e ali está materializada toda a discussão do Dadaísmo.”
Jessica Lagrota

“1- Duchamp não gostava de ser chamado de dadaísta. O trabalho dele transcendeu o movimento Dada.

É difícil entender seu trabalho a partir de uma única obra; o urinol. Ele tem muitos outros trabalhos, todos muitos conceituais; desenhos, pintura, gráficos, anotações, objetos modificados ou não, reunidos em uma caixa verde etc. Há um trabalho final que só foi conhecido postumamente que é sobre o desejo e a sedução. Trata-se de um buraco numa porta para a gente observar uma cena.

Toda obra dele está reunida num Museu na Filadélfia. Ele é o pai da arte conceitual que eclodiu na década de 1970. O ready made é o ato de transformar algo pronto em arte. Um gesto “novo” em 1917, que foi repetido depois por outras artistas, mas sempre como uma citação ao Marcel Duchamp.

2- Nem tudo no dadaísmo foi negação. Eles queriam subverter a cultura e em alguns trabalhos fizeram experiências incríveis de linguagem.
Referência: Filme “Fantasmas antes do café da manhã”, de 1928, Hans Richter.”

Beá Meira

“Acredito que o ato de Duchamp foi político, no sentido do quanto o valor do artista às vezes sobrepõe o próprio valor da obra e que vai influenciar seu valor de mercado, fortalecendo, assim, os circuitos visíveis. Mas também é estético quando ele questiona o pacto social em que, até então, a arte moderna ainda mantinha com a arte tradicional até aquele momento. A partir daí ele estabelece uma nova questão de como vamos nos resolver diante desta nova partilha do sensível.”
Julio Cesar dos Anjos

“Sim, o ato de Duchamp é antes de tudo histórico. Tudo isso (dadaísmo, revolução russa, 1a guerra) aconteceu há 100 anos! A arte conceitual dos anos 70, retoma este questionamento do sistema da cultura e do mercado de arte; museus, galerias, críticos e instituições que fortalecem com suas ações determinados grupos e artistas. Afinal o que o Duchamp estava questionando era: quais são os critérios, os parâmetros?”
Beá Meira

Sobre a Importância Artística

“Entendo que a importância artística transcende a obra em si.”
Jessica Lagrota

“A importância artística transcende a obra em si, sim. Mas, acredito que precisa do testemunho. Da imanência da obra (seu objeto). Confesso que não sou muito a favor da arte conceitual como subjetividade pura. Ela não é apenas um jogo estético. Para mim é algo mais. Entendo que a importância artística precisa, às vezes de “legenda”. E não é só a nossa subjetividade que irá suprir isso. Mas a poiesis é o conector de todo esse entendimento. A poesia se faz necessário e acredito estar no espírito da obra. Só assim ela pode chegar ao sublime.”
Julio Cesar dos Anjos

“A arte é uma forma de questionamento.”
Beá Meira

“Só tenho uma certeza: se não for pra viver de arte, não vale a pena viver. Acho que está na hora de pensar menos e criar mais. Andando e pensando. Pensar pra andar é estagnar.”
Jessica Lagrota

E você, o que acha sobre isso?
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Foto “[ D ] Marcel Duchamp – Fountaine (1917)” por Cea. – CC BY 2.0