Dança Contemporânea – Um 3º Olhar, por poeta Xandu

A Dança Contemporânea… Escrito desta forma, com letras maiúsculas, ofereço um caminho de requinte, sofisticação e bom gosto. Uma Arte que foge ao senso comum, a qual me dedico a entender. Agora ponho-me ao lado desta, pois sou poeta e partilho do universo da Poesia Contemporânea. Num show de bandas de rock, em recital aberto no intervalo, ouvi: – “Poeta é fogo! Brota feito mato!”. Essa voz parece-me agressiva, sai dos microfones do Ocupa Lapa e fere meus ouvidos.1

Meu espanto não ocorreu; é um recurso didático. Em tons eruditos, elitistas, como iniciei, está também a “marginalidade” de nossas apostas artísticas, vividas no limite da sociedade. Na dança ou na poesia vivemos: ora na indigência cultural, ora no operariado das Artes, e o luxo de, quando muito, sermos pequenos e médios realizadores. Acima disso? Um sonho… Em quaisquer das Artes, ou aqui, como escritor dedicado a dança, vale o bordão do Wando: se viver é fogo, o que faço é paixão! Estamos aí!2

Sem tempo para chorar pitangas. Pensando em enriquecer o debate na UQ, nosso coletivo de artistas e produtores das quebradas, falei de “Um 3º Olhar” para a Dança Contemporânea. A cena final deste filme é: uma das salas brancas do Museu de Artes do Rio-MAR; quatro paredes; diante destas, quatro dançarinos em exposição, parados em pose. A bailarina Jeane Lima entre esses; nossa colega na UQ, com quem esse texto dialoga, e através dela: nós todos conversamos.

Ficar parado… Isso é dança?! Fiz um recorte fundamental desta obra, e aposto nessa dúvida, na cabeça de quem lê. A pose de Jeane Lima dentro de uma sala branca é um ato pensado; parte da peça “Retrospectiva”, do francês Xavier Le Roy. Trata-se de um arranjo minimalista, um conceito de uso corrente em Arte Contemporânea.3

Não há um cenário que leve a imaginação a um outro lugar que não seja a sala de um museu. É uma realidade, crua, dentro de um jogo criado pelo renomado coreógrafo, sua obra: dançarinos em exposição. Ponto. Um círculo feito com uma tinta que reproduza o real tom de preto de um buraco sombrio… É uma pintura não-decorativa na parede. Um urinol de louça é retirado de um banheiro público e posto em exposição no museu; sequer usou-se um pedestal para realçá-lo… É obra minimalista famosa.

Gritariam: – “Qualquer mané é artista!!” Opa! Não é bem assim! Como disse, mostrei um recorte de minimalismo, independente de outras cenas ainda omitidas. A questão em Xavier Le Roy trata-se de quando produzir beleza deixa de ser um objetivo em Arte. Fujamos do belo, da busca pelo sublime; fujamos da Arte como objeto de desejo, consumo, ostentação… Estamos próximos demais das coisas como elas são, algo cotidiano, distante dos melindres em sonhos…

Tomo a poesia de Drummond como recurso.4 Então “tinha uma pedra no meio do caminho”, o trecho várias vezes repetido dá relevância ao evento. Essa repetição traduz-se como tempo; diariamente está a pedra na rua, e essa pessoa. Sabemos ser alguém do “povo”; o que é indicado pelo erro de escrita: “tinha” uma pedra… A poesia realiza-se como um segundo momento para um artista, cujas “retinas fatigadas” superam-se para dar brilho àquele encontro banal.

Cabe a pergunta: o que afinal me mostra o poeta? De modo direto percebo pessoa, caminho e pedra; são fatos cotidianos e não significam nada. Ao mesmo tempo vejo poesia; uma série de escolhas, ideias e sentimentos pensados em ato criativo. Ao leitor instigado pela poesia, revelam-se tempo, espaço, objeto, personagem, poeta e leitor. Sua assinatura na pedra; era a realização de Drummond na Literatura Moderna, o último suspiro de seu gesto em totalidade.5

De volta ao minimalismo de “Retrospectiva”, estico os olhos a outra parede, para além de Jeane Lima, vejo Denise Stutz. No mesmo Festival essa dançarina entrou como autora de um solo que considero relevante. De minimalismo diferente, sua peça “Finita” ocorreu num teatro, sem um cenário também, mas alguns objetos foram espalhados em cena.6 Como esse recurso visual dialoga com a obra – é o que veremos a seguir.

“Finita” começa com luzes acesas, a revelar-nos como pessoas, plateia tirada da escuridão. No palco percebo alguns objetos: cadeira; toca-discos sobre a mesinha; uma camisa estirada no chão. Sobre os dois primeiros, deduzo, são objetos da intimidade do lar, onde se ouve música. E aquela camisa, aberta para ser mostrada como camisa, e não outra coisa, por si, sugere uma ausência, reclama um corpo. Guarda um fantasma…

As formas visuais, signos por mim elaborados como linguagem, me permitem apostar numa expressão simbólica: um corpo ausente no lar.7 Outras informações integram aquela “ausência”. Pelo seu blog e/ou encarte, sabemos de uma carta de sua mãe, falecida recentemente, algo visceral. Outros pensamentos expostos, idade, solidão, limites; sentimentos íntimos para Denise se expressar em dança – “Finita”. Ao palco, leva sua própria pessoa “…porque não sei fazer para o público.”8

Nesse teatro, onde as luzes acesas incomodam a plateia, entrevemo-nos, fora do habitual. Então ativos no espetáculo, ouvimos uma música na vitrola, enquanto Denise inicia um perambular-dançar, livre, chega às cadeiras, junto a nós. A proximidade física força intimidade, até que as luzes se apagam. Na escuridão, ouvimos apenas um estalar de dedos, num jogo de presença e ausência.

Tendo na vitrola um referencial básico, a segunda parte da obra se estende em devaneios entorno da música. São ideias associadas: trilha de filme antigo, disco fora de catálogo, comprado numa loja de raridades, a qual já não existe. Numa narrativa de informações incompletas, quase captamos sua totalidade… Só que não. É mensagem fugaz.

Tento identificar nela minha própria história urbana, imagens possíveis pra mim, semelhantes, cariocas. A música também lhe trazia a memória um dado livro do passado, cuja personagem não falava saudade, mas nostalgia. Quando veste a camisa deixada no chão, a dinâmica muda de tom. O corpo ausente agora está nela, por insinuação de plano espiritual.

É uma nova etapa na peça, agora dedicada a dança propriamente. Denise Stutz, vestida naquela camisa e sentada na cadeira, dá inicio a uma dança lenta, melancólica. Assumia a “saudade”, entendi assim, um intenso sentimento de perda, desamparada de mãe. Estala os dedos e esse movimento me traz a intuição de já tê-lo visto antes – uma lembrança imprecisa.

Quando se levanta, realiza movimentos vigorosos, com estalos de dedos corridos, noto seu esforço pelo arfar… Aproxima-se de nós, fala coisas e busca confirmação… Sua fala “non-sense” traz referências de espetáculos em cartaz, que me escapam; era código do mundo da dança vivido. Os estalos são marcações de ensaios, guardam um simbolismo de tempo, rotinas, automatismo; o trabalho como exorcismo da memória, dos sentimentos, da dor.

Presença e ausência, saudade e nostalgia, o tempo passado e o cotidiano; a vitrola surge abafada, em falha, som estranho. Algo fora do lugar… As luzes se apagam no palco, Denise some; os estalos ficam. As luzes na plateia permanecem; as caixas de som projetam estalos em nós, numa instigação desconcertante – Quem estala? Ao lado, ali atrás… Ninguém… O que faremos? Dançaremos? Nosso show se inicia, a plateia em destaque – fim de espetáculo.

Na vitrola, apoio sensorial para as várias mídias (música, cinema, teatro, disco, livro), há uma fuga do plano físico, transbordos de imagens entre objetos e os sentidos que os envolvem. Intuições, leituras íntimas em mim, são experiências sensíveis abertas na obra, numa performance de envolvimento. Instigado ao limite, senti-me quase livre para respondê-la em cena, dançar até, como ato final. Escrever isso, agora, completa-me a obra.

O brilho de Finita, portanto, exige o digest posterior. Dentro do teatro, os simbolismos usados despertam-me para um jogo, no qual busco um fio de razão. Sofro gradativas combinações de sentidos e através dessas: faço imersão em sua memória e sentimentos particulares. Capto uma parte da obra. É a obra como foi, em Denise Stutz, em ato; e depois, quando descubro outras sensações, maravilho-me, e seu gesto se realiza em mim.

A concretude dessa fantasmagoria, essa vivência dada pelo acontecimento performático, obriga-me a discorrer sobre Xavier Le Roy. Durante o Panorama; seu “Le sacre Du printemps” rendeu homenagens ao centenário de A sagração da primavera, balé de Nijinski, com música de Stravinsky.9 Recria em performance solo sua apreensão do gestual de um famoso maestro inglês, Sir Simon Rattle – servirá de contraponto ao que vimos sobre Stutz.

No teatro cru, sem qualquer objeto icônico, espaço também inteiramente iluminado, Le Roy posiciona-se de costas para a plateia; dá início a regência. Desse ângulo, recria a visão corriqueira que podemos ter de um maestro diante da filarmônica. Vira-se de frente para a plateia e nesse momento percebemo-nos como “seus” instrumentos. Caixas de som, como cada sessão do naipe, estão debaixo de nossos acentos.

Um sentido de encarnação é dado em ato. Como se pudéssemos nos associar a seus profundos estudos acerca do maestro, notamos perfeita regência em ato. Careceu-me conhecer o original… Uma perda em expressão corporal; conforme o encarte, alguma pesquisa em vídeo evitaria a lacuna aberta na obra. Em seu jogo de manipular sons, ora “rege-nos” em plano geral, sinfônico; ora escapa desse tema-base.

Noutra etapa, o “maestro” me olha, me aponta a batuta imaginária, fico próximo de assumir-me um dado som de instrumento; esse, debaixo do acento. Ele mesmo se permite ser músico, em mímicas óbvias. Desfaz-se em cena; agora é dança, movimentos em resposta a música. Vou além. Sofro um leve dejavù do histórico balé A sagração da primavera, reconheço em Le Roy alguns movimentos, insinuados, mas o suficiente pra mim.

São dimensões de um mesmo espetáculo, conceito ali revelado; Xavier Le Roy pouco demonstra suas transições. Instiga-me: ora plateia na orquestra, ora sou músico, ou instrumento; vejo nele um músico bem como assisto a sua dança, pela qual também vislumbro o famoso balé. Por capricho na regência, tenta ajeitar-nos, cobra-nos a boa execução de sons. Sofri vivências imaginárias, minhas próprias mutações vividas em gesto.

É nesse ambiente minimalista, o foco no ator, onde seus regimes estéticos aguardam minha aceitação das sugestões em ato. O jogo participativo inclui o momento atual, essa escrita pensada. Eu fui espetáculo, com meus atos em potência, mesmo se me contive na plateia, gestos reprimidos. Ao doar-me através do plano onírico, aquela performance me é revelada em trânsito às minhas memórias, sensações singulares, ações verdadeiras.

Após percorrer pelos instrumentos perceptivos apresentados, ainda assim, jamais saberemos se esse modo de olhar para a Dança Contemporânea será melhor que o de outra pessoa… Muito da poesia está nos olhos de quem vê! Imperial neste texto, sugiro que sigamos em frente: “Retrospectiva”. As salas brancas do Museu, quatro paredes, quatro dançarinos… E eu, como visitante.

Então, lá estava Jeane Lima. Colega na UQ/2011, de nossas poucas conversas foi que resolvi escrever sobre dança artística.10 Em meu blog, o ZineZeroZero, além de contar as histórias “de rua” dos dançarinos do Hip Hop, busquei somar esse valor: quando trabalham na dança, na Arte. Na favela da Maré estão nomes importantes do Hip Hop, ONG’s e projetos artísticos, ambiente de meus assuntos com Jeane Lima, também moradora de lá. Distantes por dois anos, nossas vidas produtivas voltaram a ser esbarrar.

Como alerta a minha pessoa, Xavier Le Roy informa no prospecto tratar-se de uma “exposição coreográfica” em sentido amplo. Diante da obra, não apenas uma dança, mas o modo de produção total: “…a duração de cada visitante na obra; a duração do trabalho diário de cada um dos onze intérpretes-criadores; e o aprofundamento das ações…”. E?

A explicação era inútil. Eram quatro dançarinos, porém, naquelas paredes nada acontecia. Na sala também estava uma turma de meninos de escola; refestelavam-se diante dos dançarinos, sempre parados. E por isso mesmo era engraçado. Dado momento, notei Denise Stutz, falava e gesticulava com um grupo dessas crianças. Ela seria do educativo da obra, pensei cá comigo. Tentei abstrair.

Então reparei: bailarinos parados em pose, cada qual diante de sua parede. Algo aconteceu! De repente um grito estridente soava, eles ficavam doidos e corriam bem rápidos, trocando paredes e poses. OK. Parei pra ver uma posição, de “olhar o infinito”, mas nada de especial ocorria… Nada mesmo!

Outra correria, e mais detalhes: havia um abrigo. De lá, os dançarinos saíam “de gatinho”, infantilizados pelo chão, de um vão nas paredes até o novo nicho. Então bradavam uma série de datas, diferentes anos que não faziam o menor sentido. E de novo: um sibilo, datas e uma pose, até o próximo grito. Alternei bailarinos, estacionei nas poses, aguardei apitadas… Usei ares de intelectual que me protegessem do ridículo.

De posição em posição, até estar de frente para Jeane, em sua parede, sua pose, quando sorri… Fui correspondido??! Como? Ela sai de sua pose, de “tocar violino invisível”, e vem me explicar, falava disso e dançava isso pra mim. Não entendi que intimidade era aquela… Eram aulas de violino, datadas de sua infância, uma primeira dança. Descobri! Na grandeza das estátuas dos pensadores e heróis mortos, tais esfinges abrigam uma vida ativa, reconhecida pelos que se dedicam a suas trajetórias particulares. Em cada pose, dançarinos vivos, uma história produtiva ainda a ser revelada.

O sistema dependia da entrada de um novo visitante: o alarme para embaralharem-se na correria. Ao percorrer pelas poses, uma das paredes era a chave, e nela, um bailarino mostrava sua “Retrospectiva”. De Jeane Lima assisti quase dez peças, acompanhadas de narrativa especial, interna dela. Desde o início, em uma ONG na Maré, nas companhias de dança, as dificuldades para cursar faculdade… Mostrou-me rotinas, movimentos, contou-me sua história – aquelas datas aos brados.

Não cabia apenas uma performance individual, mas a produção total. Assim, a obra pedia ao visitante que se prolongasse por mais tempo, para que se pudesse conhecer outros bailarinos, em outros dias e horários. Numa outra sala, corpo ausente, o coreógrafo Xavier Le Roy apresentava-se através de computadores, em textos e vídeos ilustrativos de sua vida produtiva. Era o fim da Arte apresentada. Em seu ideal de produção, um sentido de antropofagia foi marcante: conhecer dançarinos nossos, em trajetórias marcadas na história urbana atual.

Na parede-chave encontrei Jeane; assim como ocorreu entre Denise e as crianças. Não tivemos tempo para aguardar o rodízio; aquele tempo, como previsto no encarte, com outros dançarinos, turnos, a obra por dia. No entanto, em minhas ambições com a dança, a experiência me foi intensa, profunda, inédita! O contato com Jeane Lima me era aguardado, por meus escritos e relação com a UQ. Em ideal de produção, “Retrospectiva” incorporou a todos nós.

Encerro o passeio pela Dança Contemporânea, “Um 3º Olhar”, misturando-me em produção. Tais instrumentos intelectuais vem de encontro ao ZineZeroZero: escrever a dança do Hip Hop, do momento lúdico ao universo do trabalho, dentro do Mundo da Arte. Em Jeane vejo o início, conversa informal; um contato técnico na UQ, com a Profª. Silvia Soter.11 E o aprofundamento, dentro do Laboratório de Crítica do Festival Panorama 2013, meu olhar para CRACKz, espetáculo com base no Hip Hop, dirigido pelo prestigiado coreógrafo Bruno Beltrão.

Da mesma maneira, como Mestre Quebradeiro, busquei ser didático, a fim de aguçar “Um 3º Olhar”. Busquei apresentar conceitos de modo quase informal: minimalismo, ato e gesto, signo e símbolo, corpo, performance e regimes estéticos… Um desejo se impõe: formar público para a Dança, para Artes; lutar contra nossa marginalidade. Se “Um 3º Olhar” poder ajudar… No entanto, nada substitui o olhar desarmado para a Dança Artística, em suas muitas formas, quando cabe a você gostar ou não – sejamos “Um 3º Olhar”, ok?

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Notas:

1) Os eventos Ocupa Lapa são desdobramentos das manifestações populares de “junho de 2013”, fruto de assembleias ao ar livre, com artistas de diversos tipos, marginalizados pelo sistema, agregados por afinidade às noites da Lapa, no Rio. A citação foi uma brincadeira com o colega UQ Ludi Um, a frente do evento em dezembro de 2013, quando incitei a outro poeta que reivindicasse participação no intervalo das bandas – sim, esse poeta teve espaço e voz! Ver: https://www.facebook.com/OcupaLapa

2) A preocupação em divulgar termos técnicos em Arte Contemporânea, em Dança, insere-se na perspectiva das atividades artísticas paralelas à futura Olimpíada, como aconteceu na Ocupy London. Também, dá sequência aos estudos já trabalhados na UQ, como foi em Crackz (Cia.GRN – 2013), que resultou em artigo no Festival Panorama, do qual fiz parte através do Laboratório de Crítica. Ver: http://panoramafestival.com/2013/crackz-luz-sombra-e-poesia/4768 ; http://www.universidadedasquebradas.pacc.ufrj.br/rio-occupation-london-pos-aula .

3) Sob a coordenação do Prof. Sérgio Andrade (DAC-UFRJ), participei do Laboratório de Crítica, Festival Panorama 2013, pelo qual pude apreciar as obras: “Retrospectiva” e “Le sacre du printemps”, de Xavier Le Roy; e “Finita” de Denise Stutz. O encarte da obra “Retrospectiva” consta no site do MAR, e pode ser acessado através do endereço eletrônico: http://www.museudeartedorio.org.br/pt-br/exposicoes/proximas?exp=547

4) O poema “No meio do caminho”, de Carlos Drummond de Andrade, foi publicado por Oswald de Andrade na “Revista da Antropofagia” (1928), depois reunido no livro “Alguma Poesia” (1930).

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

5) “O gesto nada mais é que o ato considerado na totalidade de seu desenrolar, percebido enquanto tal, observado, captado. O  ato  é  o  que  resta de  um  gesto  cujos  momentos  foram esquecidos e do qual só se conhecem os resultados. O gesto se revela, mesmo que sua intenção seja prática, interessada. O  ato  se  resume  em seus  efeitos,  ainda  que  quisesse  se mostrar espetacular ou gratuito. Um se impõe com o caráter perceptivo de sua construção; o outro passa como uma prosa que transmitiu o que tinha a dizer. O gesto é a poesia do ato.” (GALARD, 2008, p.27.)

Trecho citado na Dissertação de SANT’ANA, Doriedison Coutinho de. Melodia cênica [manuscrito]: um paralelo entre a melodia musical e o movimento corporal do ator. Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Belas Artes – 2012, 129 pp.

6) O encarte da obra “Finita” consta no site do Festival Panorama 2013, e pode ser acessado através do endereço eletrônico: http://panoramafestival.com/2013/portfolio-items/finita-denise-stutz-brasil

7) Termos técnicos usados, em teoria da representação, estão bastante resumidos na dissertação citada na nota 5.

8) A citação consta no Blog “Essa minha dança menor”, é parte do processo criativo em “Finita”, e pode ser acessado através do endereço eletrônico: http://denisestutz.wordpress.com/2013/08/24/essa-minha-danca-menor

9) O encarte da obra “Le sacre du printemps” consta no site do Festival Panorama 2013, e pode ser acessado através do endereço eletrônico: http://panoramafestival.com/2013/portfolio-items/le-sacre-du-printemps-xavier-le-roy

10) Tive contato com o trabalho de Jeane Lima durante o curso Universidade das Quebradas/2011, no tempo em que ela concluiu a faculdade de Dança, resultando em coreografia em Dança Contemporânea envolvendo sentidos entorno do vídeo-game. Sua apresentação foi gravada em vídeo e pode ser acessada através do endereço eletrônico:

11) Parte de meus pensamentos entraram como painel no blog Zine Zero Zero, bem como, a aula da Profª. Soter [REDES/Maré + UFRJ] na Universidade das Quebradas encontra-se em sítio da internet, e pode ser acessada através do endereço eletrônico: http://www.universidadedasquebradas.pacc.ufrj.br/soter-propoe-um-novo-olhar-para-a-danca ; http://zinezerozero.blogspot.com.br/2012/03/zine-na-universidade.html .

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* Poeta Xandu é codinome usado por Alexandre Wilson de Oliveira Santos, cientista social, interessado nos temas cultura, arte e trabalho, atuante no ambiente das Ong’s do Rio de Janeiro. Por herança das lutas estudantis universitárias aproximou-se da cultura Hip Hop, especificamente, dos grupos ligados a dança Breaking. Sob a sigla ZineZeroZero, atua desde 2008 em um projeto de comunicação independente, um blog orgânico com a dança Breaking, abragendo todo o Grande Rio; foi sua carta de apresentação na Universidade das Quebradas 2011. Desde as histórias de rua, de bailes, batalhas e festas, até a fase atual, de lida com os arquivos gestuais da Dança Contemporânea – poetizar a dança Breaking é a marca do Poeta Xandu.  😉

e-mail: gdbdbdg@gmail.com

Ilustração, Cadernos da Beá, Beá Meira