Fabrício Silvestre fala sobre a Central de Cultura Urbana

Se é pelas quebradas que a cultura faz a diferença, também é por iniciativas como a ONG Central de Cultura Urbana que as artes chegam a quem mais precisa e merece. Criado em 2008, o projeto recebe cerca de 200 jovens da periferia e oferece aulas e oficinas de teatro, dança, música e vários esportes. Já com uma sede em funcionamento na Zona Oeste, a iniciativa agora se expande para um novo polo na comunidade do Jacarezinho.

E o criador da Central é o quebradeiro Fabrício Silvestre. Aluno da turma de 2011 da Universidade das Quebradas, Fabrício administra a ONG em parceria com uma equipe de 18 pessoas, entre instrutores e colaboradores, e a ajuda especial dos também quebradeiros Eliete Miranda, Marcelo do Patrocínio e Ismael Veríssimo.

Animado com a chegada da Central de Cultura Urbana em Jacarezinho, Fabrício falou sobre o funcionamento do projeto, os planos para a nova sede e o papel fundamental da UQ nessa jornada.

 

Como surgiu a ideia de criar a Central Cultura Urbana?
Sempre tive uma vocação em criar projetos, coisas novas, ser atuante na área cultural. Esse foi um dos motivos pelo qual eu deixei Goiânia, minha cidade natal para vir para o Rio. Na época trabalhava em uma grande empresa de Telecomunicação e não tinha tempo de dedicar à cultura, isso me incomodava muito, mas tinha que pagar as contas. Um dia andando pelo centro da Taquara, vi um grupo de jovens ensaiando numa igreja, entrei e perguntei se queriam ajuda, afinal já tinha dado aula de teatro. E ali começou a acontecer alguma coisa. Essa igreja cedeu uma salinha muito pequena e quente, mas dava para iniciar o trabalho.  Ali nasceu o Grupo Teatral Taquara, conhecido como GTT, um grupo bem unido e com vontade de crescer. Depois ficamos sem espaço, ensaiamos nas praças, casas de alunos até ir para a Associação de Moradores da comunidade do Jordão. Foi minha primeira experiência com comunidade. Eu queria mais que um grupo de teatro, a ideia era criar uma ONG e expandir a iniciativa, e em 2011, a Central Cultura Urbana foi fundada. Foi um grande desafio para todos nós, mas mesmo sem recursos conseguimos desenvolver vários projetos. Entre 2011 e 2012 foram atendidos mais de 500 alunos, formando novos artistas. Produzimos várias peças de teatro, além de apresentações de percussão, capoeira e dança afro em diversos pontos do Rio de Janeiro.

Por que o nome “Central Cultura Urbana”?
Não foi fácil escolher o nome da nossa instituição, mas depois de várias pesquisas decidimos que Central Cultura Urbana identificava bem com a nossa área de atuação. Foi uma ótima escolha.

64365_607346365960600_702317985_nQual o perfil do público da Central Cultura Urbana? Quantas pessoas fazem parte dela hoje e já passaram por lá?
Nosso público é bem diversificado, mas o foco são adolescentes e jovens da periferia. Atualmente temos em torno de 200 alunos matriculados e já passaram mais de mil pessoas pela Central Cultura Urbana.

Quais atividades são realizadas na ONG?
Oficinas de Teatro, Futebol, Futsal, Vôlei, Capoeira, Artesanato, Dança Afro, Percussão, Canto e projetos paralelos como Caravana Cultura Urbana, que promove a inclusão cultural.

Como a Central Cultura Urbana se mantém?
Através de eventos, produtos artísticos como peças de Teatro, comercialização de produtos com a nossa marca, entre outros. Nosso objetivo é transformar a Central Cultura Urbana numa ONG auto sustentável, que não fique dependendo somente de patrocínios de empresas privadas e do governo.

Por que escolheram a comunidade de Jacarezinho para abrir uma nova sede?
Desde 2012 estamos pesquisando uma comunidade para implantar o núcleo principal, quando entrei no Jacarezinho pela primeira vez,  falei comigo, é aqui! Jacarezinho é uma comunidade que precisa de iniciativas culturais e desenvolvimento social e tenho certeza que em parcerias vamos desenvolver um ótimo trabalho lá.

A Universidade das Quebradas influenciou o projeto de alguma forma?
Com certeza! Na UQ aprendi a colocar em prática os projetos que tinha e não saiam do papel. Essa troca de experiência é muito importante para nós produtores. A Universidade das Quebradas contribuiu muito com o desenvolvimento da Central Cultura Urbana.

Vocês já têm planos para as atividades na nova sede?
Sim! Lá vamos desenvolver projetos especiais na área musical, audiovisual, futebol e circo. Estamos contando com o apoio da equipe da UPP Social e Associação de Moradores que está nos dando um suporte.

Há outra comunidade em vista para receber uma sede da ONG? Como é a participação deles?
Não. No momento vamos focar na expansão dos núcleos de Jacarepaguá e Jacarezinho. Nossa meta é abrir uma sede em outro estado até 2016.

Por Júlia de Marins – Bolsista PIBEX/ECO – 4 de maio de 2013