Hugo Sukman e os quebradeiros debatem sobre o Samba

O jornalista e crítico musical Hugo Sukman veio na última terça, 23 de agosto, ministrar aula sobre um tema de interesse de todos os quebradeiros: o Samba, suas origens e variações. Grande polêmica enriqueceu a aula, após Sukman ter afirmado que o músico Pixinguinha ‘embranqueceu’ o Samba, no sentido de que deu ao samba uma forma orquestral. Interessados e envolvidos no tema, alguns dos alunos do curso discordaram e contribuíram com suas experiências pessoais.

O jornalista rebateu: “sabemos que as raízes desse estilo musical são africanas, porém o Samba carioca dos anos 20, como nós conhecemos, é uma música tonal e isso não existe na África. Foi o Pixinguinha que fez essa tradução para um Samba nos moldes que conhecemos hoje”, afirmou Sukman. Para ele, o Samba tem origem no Rio de Janeiro e praticamente segue a formação da cidade; foi do Rio como hoje o Funk é do Rio.

Sobre a origem desse estilo, Sukman acrescentou que o mesmo representava a voz do morro e a formatação de uma série de formas de expressão. “O Samba, antes de se tornar um estilo musical, era um grupo de pessoas. A expressão ‘samba’ se referia ao lugar onde os grupos se reuniam para diversas manifestações culturais”, disse.

Segundo o crítico, a evolução do Samba se caracteriza por três momentos: Samba de roda, escolas de Samba e Samba sofisticado. Esse último teve origem no espetáculo Rosa de Ouro, de Hermínio, inspirado nos contos ancestrais de Clementina de Jesus. A partir de então surge a Bossa Nova, samba elitizado para exportação, no qual se consagraram nomes como Chico Buarque e Paulinho da Viola.

Quando questionado, após a aula, sobre a impressão de ter ministrado uma palestra pela primeira vez aos alunos das Quebradas, muitos deles sambistas, Sukman respondeu: “como todos os alunos são artistas ou produtores culturais, os debates são mais ricos em comparação aos alunos convencionais, já que eles se identificam com o estilo musical e suas origens. Os quebradeiros lidam com o Samba de maneira mais pessoal e fazem perguntas mais viscerais”.

Texto:  Cibele Reschke de Borba, bolsista PIBEX 2011

 

 

Foto de *montuno* – CC BY-SA 2.0