O Carnaval em forma de poema da quebradeira Monique Nix

A quebradeira e poeta Monique Nix (Crédito: Arquivo Pessoal)

Por Monique Nix – Quebradeira da 7ª edição da Universidade das Quebradas (2016)

Carnelevament

Leitura bilabial, telepaticamente, percebo a veracidade ofuscada.
Oh, Quanta atuação expressionista!
Deus, diga-me, como podem que todos tendem a ser meros ilusionistas?
Atores da realidade, necessário falso testemunho, pelo néctar ficcional.
Insatisfação pessoal. Porque a verdade é tão indigesta!
Onírico tesão. Gozo por utopia.
Utilizo máscaras deformadas que me transformam no que quero. Assim espero.
Veja como soar tão falso… Quanto eu e você.
E não seja hipócrita dizendo: – Não sou hipócrita. Todos nós somos!
É só encarnando… Encarna, encarna…
Encarna Val: Em ti, em mim.
Liberte-me Val! Encarna-me. Revista à verdade.
Encarna Val, encarna folia, finjo ser feliz por uns dias… Quinta-feira volta à terapia.
Encarna Val, deixe-me desnuda: – Até quantos dias posso ficar nua sem virar puta?
Encarna Val, encarna folia, ótimo momento para pedofilia: Aquela criança e seu pseudo tio… É um policial… Mas hoje está vestido de ursinho. Cuidado, menino!
Já o doutor, pai conservador, hoje é “periguete”, senhor!
Encarna Val, deixe-me ser travesti por um dia. E adie o meu julgamento por homofobia!
A fiel reprimida vai à igreja todo dia… A saia longa é fetiche da vadia!
O príncipe, que é Inglês, fantasiou-se de nazista mais uma vez!
Encarna Val, transforme-me: Em homem, mulher, terceiro sexo, criança… O que vier!
Abra os armários. Liberte o fetiche. Liberte o Bolsonaro.
Todos os desejos inanimados materializados – Espectros da frustração.
Mera atuação. Palhaços o ano todo!
Esperamos o Ano Novo para ficarmos nus por uns dias de novo.