Pensando em pessoas, fazendo com elas e não por elas, por Juliana Barreto

Quando pensamos em Desenvolvimento humano e em específico Desenvolvimento comunitário, é automático e natural que nossa mente performática (principalmente artistas como nós) traga em primeiro lugar estratégias de ação. Não teremos dificuldades em traçar as atividades que queremos desenvolver no cenário onde estamos inseridos, e ao contrário do que muitos pensam a maior dificuldade não são os recursos. Vivemos um momento em que mais e mais pessoas físicas e jurídicas desejam participar de projetos e ações comunitárias e com um pouco de empenho, dedicação e uma boa jogada de marketing, conseguiremos comunicar nosso projeto de forma a conseguirmos parceiros e voluntários. Ao longo desses últimos 13 anos trabalhando com Desenvolvimento comunitário em comunidades nacionais e estrangeiras pude perceber que o que falta nos projetos comunitários, especialmente os que atuam nas áreas de educação e arte não são os recursos financeiros e humanos apenas. É crescente o número de profissionais competentes  com projetos brilhantes e prontos a serem implantados. O que tenho sentido falta é de um profundo conhecimento e entendimento acerca de seu público alvo (pessoas), e o micro e macro cenário envolvidos. Uma das definições mais interessantes do Desenvolvimento comunitário  é “trabalhar para o Êxito dos outros”. Isso exige maturidade e desprendimento por parte do Agente. O Agente que compreende na íntegra os desdobramentos dessa definição, fará com que as pessoas da comunidade se envolvam no processo de maneira participativa, de forma que sintam o trabalho como delas. E aqui reside o diferencial dos projetos de maior relevância atualmente. Essa compreensão nos levará a investir a mesma energia e tempo no processo que antecede a implantação do projeto. De maneira resumida esse processo “pré projeto” deve te responder 3 perguntas básicas?

  • O que as pessoas da comunidade querem?
  • O que é prioridade pra elas?
  • O que elas de fato esperam de um projeto em seu bairro?

A dinâmica de pesquisa varia de equipe para equipe, mas ela PRECISA EXISTIR. Pois logo no início você descobrirá se suas boas intenções e seu projeto brilhante  equivalem a DEMANDA e o DESEJO das pessoas envolvidas. Essa segunda deve ser considerada tanto quanto a primeira. Pois ao contrário do que uma grande maioria pensa, os moradores de qualquer comunidade SABEM e estão aptos a falar de si mesmos, de seus anseios e de seus sonhos. Por fim, quero terminar esse comentário que não pretende encerrar, tão pouco esgotar o assunto dizendo algo que é muito simples, mas que, se presente em todo o processo de gestão estratégica e operacional de qualquer projeto será seu grande diferencial: “Quando implantamos nossos Projetos sociais tendo como foco algo que não seja o desenvolvimento de pessoas (processo que passa por nós) estaremos usando as necessidades das pessoas para fazer valer  nosso nome, discurso e projeto, e atualmente isso é tudo o que uma comunidade não precisa!

Para Saber mais sobre Gestão de projetos na Organização A Partir do Rio: www.apartirdorio.org.br

 

Juliana Barreto é Bacharel em Desenvolvimento Comunitário e quebradeira da 4a edição
Na foto Juliana Barreto, por Toinho Castro