Ping pong com Rosalina Brito, que participa de coletânea na Flupp

A festa literária lançou um livro, chamado Flupp Pensa, com textos escolhidos de 43 novos autores. Moradora da Cidade de Deus, Rosalina Brito, quebradeira de Manguinhos, teve uma história de vida de esforço e superação. “Descobri que sei desenhar, fiz grafite, virei ilustradora, artista plástica, etc…”, assim ela se define em seu blog. Não deixe de acompanhar sua trajetória aqui. http://www.cidadededeus-rosalina.blogspot.com.br/p/sobre-mim.html

Como funcionou o projeto do livro?
Eu não tinha intenção de ser escritora, pois sou ilustradora, mas por causa de um concurso de escritores de comunidade da Flupp, eu não quis ficar de fora, e comecei a escrever e a pegar alguns escritos que estavam na gaveta. Não era para ninguém ver, mas acabei botando pra fora, fiz a inscrição e passei. Todos os fins de semana tinha um tema diferente, tinha que continuar no jogo. O tema era avaliado em uma banca de escritores. Todos os sábados eu mandava um texto diferente.  Para o livro, escolhi “Os mistérios da mente”, que fala sobre uma mulher que teve um surto de bipolaridade.

O que representou o lançamento na Flupp?
Nem esperava passar. Para mim foi surpreendente, mágico e histórico lançar o primeiro livro, exatamente, em um evento literário como a Flupp. Isso não tem preço.

Desde quando você gosta de escrever?  O que te influenciou?
Tem 6 anos que descobri a arte em mim e comecei a escrever poesias.  Tinha uns poemas escritos e faço sarau com os amigos. O que me influenciou foi a minha nova vida, a liberdade.

Pensa em escrever outros livros?
Sim, penso em escrever outros livros de contos, e ilustrados por mim.

O que achou da iniciativa de uma festa literária no morro dos Prazeres?
Incrível estes encontros nas comunidades. Foi um leque para mim, fiz novas amizades, que se formaram em uma rede.

Qual a emoção de ver o livro pronto?
Gosto de vitória, de superação.

Você passou por alguma dificuldade enquanto escrevia?
Sim, sou péssima em português, pois meu pai é daqueles que acham que mulher não precisa estudar, ele me tirou da escola. Só vim estudar depois de 18 anos, quando fiz o primário. Depois casei e tive que sair da escola. Então, tive que fazer uma atualização.

Sua vida na Cidade de Deus interferiu na forma de escrever?
Acho que não, pois eu buscava coisas da minha infância para escrever. Mas eu quero contar o que vi e vivi na Cidade de Deus em um livro.

A Universidade das Quebradas influenciou de alguma forma seu trabalho ou sua vida pessoal?
Eu me lembro muito de uma professora da Universidade das Quebradas, que faleceu de câncer, ela falava sempre: “Rosalina, você tem que colocar isto em um livro”,  era a minha vida na Cidade de Deus, e ela até me deu um titulo “visão de dentro”.

A Universidade das Quebradas tem o prazer de parabenizar a quebradeira por mais uma conquista!

Por Mariana Mauro (Bolsista PIBEX – ECO/UFRJ)