Poesia da quebradeira Rafaela Nogueira

A ave da metrópole

 

O poema tem seu manifesto

O poema dá aos pombos

O poema é comida jogada em praça pública aos pombos

O poema sobre um pombo

O poema traça pombos

O lado sujo da natureza

O poema é o lado limpo da hipocrisia

O poema voa

Aterrissa na janela

Na calçada

E se arrisca pelas ruas movimentadas

O poema é risco, a pedra no caminho

O risco do contato

O risco de estar desse lado

O poema dá aos pombos

O poema cumpre sentimento humano

O poema é arriscado, riscado

E tem pena

E também despena

Poema por poema, pena por pena

Os poemas têm seus manifestos

Anda em grupos, parceiros de caça

Vaga em finalidade no mundo

Voa pouco no incômodo

Voa logo em meio ao susto

Haja impulso

O poema dá aos pombos

Um lugar no mundo

 

(Rafaela Nogueira, do livro Confissões Monótonas, 2014)

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