[polo] Platão e Aristóteles provocam reflexão sobre o artista e sua arte

A primeira aula do Pólo Manguinhos da UQ com o professor Charles Feitosa sobre Platão, Aristóteles e a leitura de ambos sobre a Arte e a Filosofia Antigas, colocou os Quebradeiros para pensar sobre a vida e seus papeis como artistas.

Charles falou sobre a origem da Filosofia a partir da passagem da idéia de mito para a razão, explicando mito como narrativa que busca explicar a origem das coisas e que no momento do surgimento da Filosofia ela passou a questioná-lo, adotando assim uma atitude questionadora permanente em relação aos saberes e parâmetros estabelecidos.

Em relação a Arte, segundo Charles, Platão acreditava que tanto a arte como os artistas eram desnecessários e inúteis pois o mundo perfeito era apenas o das idéias .Nesse sentido o mundo conhecido é uma copia, imitação do perfeito e a arte uma copia do mundo percebido, portanto copia da copia, por isso os artistas deveriam ser banidos como escreve em “A República”, obra de Platão que descreve a concepção ideal de cidade para o autor.

Esse ponto de que os artistas não fazem nada de útil deu o que falar, pois até hoje os ecos de Platão ressoam sobre eles. Isso rendeu uma discussão sobre a aceitação do artista e do seu trabalho, que chegou ao samba, funk e no conceito de zona autônoma temporária apresentado por Charles.

Zona autônoma temporária consiste em que o tempo de autonomia do artista/individuo é curto, porque quando o sistema toma conhecimento da sua arte/projeto das duas uma: ou ele exclui, ou integra, mas com regras. Assim como no caso do funk, o que leva o individuo/artista a sempre buscar uma nova idéia, a se reinventar constantemente.

Já para Aristóteles, a arte apesar de ser uma imitação do mundo, é uma forma de conhecimento dele devido à leitura do artista tido como fundamental, sendo um intérprete do mundo, daí a importância da arte para Aristóteles. O fato de ser uma copia não desmerece o valor da obra, pois através dela se pode conhecer, refletir.

Na segunda parte, foram apresentados aos quebradeiros os coletivos realizados na CEU, como a releitura do Banquete de Platão por Numa Ciro e a exposição Periferia.com.

Texto: Joana D’arc Liberato/Martinica

Foto “Plato and Aristotle” por Image Editor – CC BY 2.0