Pós aula 9: A Ilíada e a Odisseia: início da Literatura? – Profª Simone Bondarczuk

Por Georgina Martins 

Em sua aula sobre a Ilíada e a Odisseia, a professora Simone Bondarczuk, do Departamento de Letras Clássicas da Faculdade de Letras/UFRJ, fez questão de destacar a importância do diálogo entre o músico e o poeta para o nascimento da literatura na Grécia. Para ela, esse diálogo é uma constante em praticamente todas as culturas.

O termo literatura vem do latim, litteratūra,ae, que quer dizer letra, e segundo Marco Túlio Cícero, é a ciência relativa às letras, a arte de escrever e de ler. Já Aristóteles utiliza o termo grego poiétikê : poética, palavra derivada do verbo poiéo, que quer dizer: fazer, criar, engendrar.

As práticas poéticas eram as mousiké, que deram origem à palavra música, em português.

Simone fez questão de se reportar à aula do professor e compositor Miguel Wisnik, quando este destacou que “a música é a mãe da literatura”. Por isso o poeta é o aedo, ou seja, o cantador, aquele que cantava e contava as histórias.

Para o homem grego, Mnemósine era uma deusa muito importante, pois ela era responsável pela memória dos homens, e numa sociedade onde não havia a escrita, o culto a essa deusa era obrigatório. Lembrar e recordar eram uma questão de sobrevivência para o homem grego da Antiguidade, por isso a importância da poesia épica, aquela que contava as façanhas dos heróis, como a Ilíada e a Odisseia. A Ilíada é composta por dezesseis mil versos metrificados, e a Odisseia, por quinze mil, ambas compostas na base do improviso, da oralidade.

Mnemósine foi fecundada por Zeus e deu à luz a nove musas: Calíope, Terpsícore, Melpomene, Ouranía, Erató, Thalia, Clio, Euterpe e Polúminia, todas elas amigas dos poetas, que acreditavam ser inspirados por elas. Na Grécia antiga o poeta ocupava um lugar de prestígio.

 E para finalizar, Simone recomendou a leitura de dois livros do autor Erick Havelock: A revolução da escrita na Grécia e A musa aprende a escrever, textos em que o autor se refere à predominância da escrita sobre a oralidade. Diz ele: “É um tipo curioso de arrogância cultural o que pretende identificar a inteligência humana com o domínio da escrita.”