Pós-aula “Economia Criativa Carioca: desafios e oportunidades” – palestra com Leo Feijó

O empresário e articulador cultural Leo Feijó em palestra na UQ (Crédito: Marcelo Ostachevski)

Texto escrito por Pedro Diego Rocha

No encontro com os quebradeiros do dia 10 de maio, a professora Sandra Korman trouxe o jornalista, empresário e empreendedor cultural Leo Feijo, que ministrou a palestra “Economia Criativa Carioca: desafios e oportunidades”. Com 20 anos de vivência, ele fundou diversos espaços e os primeiros polos de cultura pelo Rio, abrindo espaço para artistas e estimulando o mercado e a propagação da arte pela cidade.

Leo começou sua apresentação dizendo que este tipo de encontro é essencial para se continuar aprendendo em relação à cultura. Ele acredita muito no conceito de economia criativa como forma de interagir e pensar soluções para o que se quer fazer em termos de ações culturais, coletivas e corporativas, apesar do termo ser criticado por muitos.

Ao longo de sua trajetória profissional, ele contou que sempre se questionou muito sobre o que estava fazendo. Iniciou e parou duas graduações, Direito, Desenho Industrial, formando-se em Comunicação Social. Leo seguiu contando sobre sua experiência profissional, na qual passou por jornalismo, produção, articulação de redes, educação, entre outras áreas. Muitas das suas atividades aconteciam ao mesmo tempo, como, por exemplo, ele viveu cinco anos sendo jornalista de dia (com carteira assinada) e produtor de noite, em jornadas que varavam a madrugada.

O empresário e articulador cultural Leo Feijó em palestra na UQ (Crédito: Marcelo Ostachevski)
O empresário e articulador cultural Leo Feijó em palestra na UQ (Crédito: Marcelo Ostachevski)

O empresário recomendou para quem está começando no mercado a fazer outras coisas em paralelo à principal ocupação. Porém, alertou para que os alunos não abandonem o que têm de segurança, financeiramente falando, para se jogar em uma coisa sonhadora. Entre os empreendimentos que ele abriu ao longo de sua carreira, estão a Casa da Matriz, o Teatro Odisseia, a Pista 13, o Cinematequé, a Drinkeria Maldita, o Cine Lapa, além de ter gerenciado a Incubadora Rio Criativo de 2010 a 2012.

Feijó assumiu que durante muito tempo continuou trabalhando sem saber em que setor do mercado estava realmente. Ele queria buscar entender, mas não sabia como e tentava buscar pessoas que faziam trabalhos como o seu. Até que conheceu Sandra Korman e começou a olhar de forma mais específica para as suas atividades. Ele havia se tornado um administrador e não era o que queria ser, até que, com a ajuda da pesquisa de setor, entendeu melhor com caminho deveria seguir.

Dentre os projetos criados por Leo para ajudar as pessoas a se aperfeiçoarem, está o curso chamado “Música e Negócios: Empreendedorismo e Inovação”, atualmente em sua nona turma. O projeto é oferecido pelo Instituto Gênesis da PUC-Rio, ligado ao núcleo de Trajetória Profissional, cuja coordenadora é a professora Sandra Korman.

Foi apresentado também à turma o livro “Rio Cultura da Noite: uma história da noite carioca”, escrito por Leo e Marcus Wagner. A publicação traz um grande panorama sobre 100 anos de festas e eventos cariocas. Feijó contou algumas histórias sobre a noite da Zona Sul e da Lapa e como alguns locais, como os cassinos, por exemplo, foram importantes para o aperfeiçoamento e profissionalização do entretenimento noturno.

Feijó explicou que empreendeu com dinheiro próprio e de empréstimo (este último, ele não aconselhou ninguém a fazer, para não se enrolar com dívidas, dando a dica de se usar redes colaborativas), sem patrocinador ou concorrência pública. Ele contou que não houve inscrição em edital algum para os empreendimentos que fez. Alguns alunos comentaram sobre editais, em especial o Rumos Itaú Cultural, cujo resultado foi liberado no último dia 9 de maio e classificou projetos de forma diferente com outros editais.

O profissional comentou que o discurso radical sobre o conceito de economia de cultura e ligar arte ao fato de ganhar dinheiro já passou e que é preciso modernizar a cultura como produto e serviço, preservando a essência do que foi criado. Foi apresentado um slide aos alunos com setores-chave que integram a economia criativa, como música, publicidade, artesanato, moda, cinema, entre outros. E áreas periféricas como turismo, hotelaria, museus, galerias de arte e gastronomia.

Slide apresentado na palestra de Leo Feijó (Crédito: Renata Codagan)
Slide apresentado na palestra de Leo Feijó (Crédito: Renata Codagan)

Por fim, Sandra agradeceu a presença de Leo e comentou que é importante saber o setor que mexe com o afeto de cada um, para entender aonde se quer chegar, em referências aos temas que são tratados em suas aulas. A professora explicou que, para a conversa com os alunos, procurou-se não mostrar a carreira de Leo como exemplo a ser seguido, pois o caminho profissional e as escolhas são exclusivos de cada um.